domingo, 19 de junho de 2016

Imprensa espanhola coloca Douglas próximo do Cruzeiro; agente confirma negociação

Cruzeiro vai pagar dois milhões de euros pelo lateral-direito, diz a imprensa local (Foto:Cristina Quicler/AFP)

Por Gustavo Aleixo

O Cruzeiro está muito próximo de acertar a contratação de um jogador do Barcelona para a sequência do Brasileirão. Trata-se do lateral-direito Douglas, que está fora dos planos do clube catalão para a próxima temporada.
Neste domingo, os jornais Sport e Mundo Deportivo noticiaram que o Cruzeiro fez uma proposta de dois milhões de euros (cerca de R$ 7,7 milhões) pela compra de 60% dos direitos econômicos do jogador. O lateral, que tem contrato até junho de 2019 com o Barça, assinaria acordo de cinco temporadas com o clube celeste.
Segunda ambas as publicações, já existe um acordo entre os clubes, contudo, a negociação ainda depende de uma resposta afirmativa de Douglas para que seja confirmada. O grande obstáculo para a concretização da transação encontra-se no desejo do jogador permanecer na Espanha. Nos últimos dias, a imprensa local noticiou o envolvimento do lateral numa troca com Sevilla pelo também brasileiro Mariano.
Douglas chegou ao Barça em agosto de 2014, mas pouco atuou (Foto: Josep Lago/AFP)
Douglas chegou ao Barça em agosto de 2014, mas pouco atuou (Foto: Josep Lago/AFP)
Intermediário da negociação, o empresário André Cury confirmou as tratativas, mas destacou que, por ora, as equipes ainda estão discutindo a transferência do jogador. “Sou eu (que está à frente das negociações). Mas não tem nada certo ainda”, disse o agente ao Blog Sem Firula F.C.
Procurado pela reportagem, o diretor de comunicação do Cruzeiro, Guilherme Mendes, assegurou que nenhum dos dirigentes celestes se encontra na Europa neste momento e manteve a filosofia do clube de não comentar sobre movimentações de mercado.
Douglas, de 25 anos, chegou de forma inesperado ao Barcelona em agosto de 2014, quando o clube catalão pagou por 4 milhões de euros (aproximadamente R$ 12 milhões) pelo jogador junto ao São Paulo. Revelado pelo Goiás, o lateral-direito, que vem sendo alvo de constantes críticas da imprensa local, atuou apenas oito vezes pelo Barça desde que foi contratado, sendo apenas três destas partidas pela Liga Espanhola.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ataque cardíaco: média de gols do Cruzeiro em 2016 é a pior desde 1997

Artilheiro quando jogador, Deivid tem encontrado dificuldades para fazer o ataque celeste marcar gols em 2016 (Washington Alves/Light Press)

Por Gustavo Aleixo

Parece até ironia, mas os números deixam claro que o ataque vem sendo o grande “calcanhar de Aquiles” do técnico Deivid no Cruzeiro. Com passagem marcante pelo clube mineiro em 2003, quando marcou 28 gols com a camisa celeste, o ex-atacante está longe de ter, como treinador, a mesma “veia artilheira” dos tempos em que ainda calçava chuteiras.
Com uma equipe pouco agressiva e muito lenta no ataque, Deivid não tem conseguido implementar, na Toca da Raposa, a sua filosofia de futebol rápido e ofensivo, que vem sendo amplamente comentada pelo treinador desde o final do ano passado, quando ele foi efetivado no cargo de técnico do Cruzeiro.
Tabela: com 11 gols em oito jogos, Cruzeiro
de 2016 tem a pior média
 desde 1997 (arte: Sem Firula F.C.)
O reflexo está nas estatísticas. Levando-se em conta as oito primeiras partidas da temporada, o atual elenco cruzeirense apresenta a pior média de gols marcados por jogo – 1,375 – desde 1997, quando a equipe celeste, comandada pelos técnicos Oscar Bernardi, Wantuil Rodrigues e Paulo Autuori, assinalou uma média de somente 1,25 gol por partida. No entanto, vale lembrar que, naquele ano, a Raposa, em duas partidas do Campeonato Mineiro, contra Villa Nova-MG e América-MG, utilizou o chamado “expressinho” (time misto), tendo em vista o confronto de datas entre o Estadual e a Copa Libertadores
Ciente do desempenho pífio do seu sistema ofensivo, o técnico Deivid, após a partida desse domingo, em que Cruzeiro marcou apenas um gol e acabou empatando por 1 a 1 com o América-MG, no Mineirão, reconheceu que tem faltando eficiência ao ataque para que o time celeste apresente os resultados desejados pela comissão técnica e torcida.
“O time evoluiu, mas é claro que quero mais. Se você me perguntar se estou satisfeito, vou falar que não, porque quero ganhar sempre. Quero que meu time jogue ‘por música’. O que está faltando para nós é aproveitarmos as oportunidades que nós estamos tendo nas partidas. Queria que o time estivesse ‘voando’, ganhado de três, de quatro, de cinco, mas o futebol não é assim. No futebol, você tem que formar um grupo, uma equipe, dar um padrão para que a gente possa estar bem”, comentou o comandante cruzeirense.
Bastante questionado e pressionado no clube celeste, Deivid terá uma semana inteira para finalmente garantir ao time celeste um rendimento convincente, principalmente no ataque, na próxima rodada do Campeonato Mineiro, quando o Cruzeiro visita a Caldense, no domingo, às 18h30 (de Brasília), no estádio Ronaldão, em Poços de Caldas (MG).
Oito primeiras partidas do Cruzeiro em 2016:
20/01 – Rio Branco-ES 0 x 2 Cruzeiro, amistoso
27/01 – Criciúma 1 x 1 Cruzeiro, pela Primeira Liga
31/01 – Cruzeiro 0 x 0 URT, pelo Campeonato Mineiro
03/02 – Tombense 1 x 2 Cruzeiro, pelo Campeonato Mineiro
14/02 – Cruzeiro 1 x 0 Tupi, pelo Campeonato Mineiro
17/02 – Cruzeiro 3 x 4 Fluminense, pelo Primeira Liga
20/02 – Tricordiano 0 x 1 Cruzeiro, pelo Campeonato Mineiro
28/02 – Cruzeiro 1 x 1 América-MG, pelo Campeonato Mineiro
Oito primeiras partidas do Cruzeiro em 1997:
29/01 – Cruzeiro 1 x 2 Fluminense, amistoso
02/02 – Cruzeiro 1 x 0 Montes Claros, pelo Campeonato Mineiro
08/02 – Mamoré 1 x 3 Cruzeiro, pela Campeonato Mineiro
16/02 – Guarani-MG 0 x 0 Cruzeiro, pelo Campeonato Mineiro
19/02 – Cruzeiro 1 x 2 Grêmio, pela Copa Libertadores
19/02 – Cruzeiro* 4 x 4 Villa Nova-MG, pelo Campeonato Mineiro
23/02 – América-MG 3 x 0 Cruzeiro*, pelo Campeonato Mineiro
25/02 – Alianza Lima-PER 1 x 0 Cruzeiro, pela Copa Libertadores
* Cruzeiro entrou em campo com o “expressinho”

Levantamento feito pelo Blog Sem Firula F.C.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Pisano se acerta com o Independiente e chega nesta sexta ao Cruzeiro

Pisano é quinto reforço do Cruzeiro para 2016 (Independiente/Divulgação)

Por Gustavo Aleixo


O argentino Matías Pisano é o novo reforço do Cruzeiro e chegará nesta sexta-feira a Belo Horizonte para assinar vínculo com o clube celeste. O agente do jogador de 24 anos, Ezequiel Manera, confirma a informação.

Em contato com a reportagem do Blog Sem Firula F.C., o agente confirmou a negociação e afirmou que Pisano assinará contrato por três temporadas com a Raposa. Segundo Manera, Pisano abriu mão da rescisão contratual com o Independiente, ficando livre para fechar com o Cruzeiro.

Segundo a imprensa argentina, o armador teria direito a receber 250 mil dólares (cerca de R$1 milhão) do clube portenho. Para contratar Pisano, o Cruzeiro adquiriu 50% dos direitos econômicos do jogador junto ao Independiente por 900 mil dólares (aproximadamente R$ 3,6 milhões).

Os valores da negociação envolvem o abatimento da dívida do Independiente com o clube mineiro (cerca de R$ 2,7 milhões) pelo não pagamento dos salários do atacante Ernesto Farías, emprestado pelo Cruzeiro aos Rojos entre 2012 e 2013.

Matías Pisano foi revelado pelo Chacarita Juniors – ainda dono de 50% dos direitos do atleta –, onde atuou de 2008 até 2013 até assinar pelo Independiente. Pelos Rojos, o jogador disputou 99 partidas e marcou sete gols. O veloz meia de 1,66 metros de altura atua caindo pelo lado direito e foi descrito por seu agente como um “enganche” – alcunha dada aos tradicionais camisas 10 argentinos.

Além de Pisano, o Cruzeiro já acertou as contratações do volante argentino Sánchez Miño, do meia Bruno Nazário, e dos atacantes Rafael Silva e Douglas Coutinho. Estes dois últimos serão apresentados oficialmente na tarde desta quinta-feira.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Jornal argentino aponta Cazares “apalavrado” com o Galo; Meia cita interesse do Cruzeiro

Na mira do Atlético-MG, Cazares afirmou que o Cruzeiro também mostrou interesse em sua contratação (Banfield/Divulgação)

Por Gustavo Aleixo


Atlético-MG e Cruzeiro prometem fazer um clássico fora das quatro linhas pelo meia equatoriano Juan Cazares, de 23 anos, que atualmente defende o Banfield, da Argentina. Nos últimos dias, o nome do jogador tem aparecido com frequência no noticiário atleticano, porém, o armador, em entrevista à Rádio La Deportiva, do Equador, afirmou que o clube celeste também manifestou interesse em sua contratação.

“Também tem o Cruzeiro. Estou em férias, e ainda não estou vendo isso. Há sim (opções). Mas ainda não tem nada de concreto”, disse o armador.

Apesar de Cazares afirmar que o Cruzeiro também está de olho em seu futebol, o meia equatoriano já estaria apalavrado com o Atlético-MG. É o que informou, nesta terça-feira, o jornal argentino Olé, que define como avançadas as negociações entre o Banfield e o Galo.

“Na cabeças dos dirigentes do Talandro (como é chamado o Banfield) o único tema que importa no momento é Juan Cazares. O Atlético Mineiro (onde joga Lucas Pratto) vem com tudo pelo equatoriano. O clube brasileiro negocia com a diretoria do Banfield, que tem 50% do passe do jogador, e o quer o quanto antes. Além disso, a situação está muito avançada, já que entre o atacante e o Galo existiria um acordo verbal”, coloca o jornal argentino.

Apalavrado ou não com o Atlético-MG, o jogador equatoriano está no meio de um imbróglio entre sua atual equipe e seu clube formador, o Independiente del Valle, do Equador. Isto, porque as diretorias de ambas os times afirmam serem donas da maior parte dos direitos econômicos de Cazares.

Segundo a cúpula do clube equatoriano, Cazares está apenas emprestado ao Banfield. Já a diretoria do time argentino afirma ter exercido o direito de compra do armador ao final deste ano, o que, inclusive, complicaria bastante a transferência do meia para o Atlético-MG.

Jornal argentino Olé afirmou que Cazares tem um acordo verbal com o Atlético-MG (Reprodução)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Agente confirma acordo verbal entre Cruzeiro e Atlético-PR por Douglas Coutinho

De acordo com Taciano Pimenta, empresário do atacante, o negócio será definido na próxima segunda; jogador, de 21 anos, chegaria por empréstimo de um ano ao Cruzeiro

Douglas Coutinho conviveu com leões em 2015 e não fez uma boa temporada pelo Atlético-PR (Gustavo Oliveira/CAP)


Por Gustavo Aleixo


O Cruzeiro deve confirmar o primeiro reforço da “Era Deivid” na próxima segunda-feira. Trata-se do atacante Douglas Coutinho, de 21 anos, que atualmente está no Atlético-PR. Em contato com a reportagem do Blog Sem Firula F.C., o empresário do jogador, Taciano Pimenta, afirmou já existir um acordo verbal para que o atleta seja emprestado por um ano ao clube celeste.

“Nós falamos com Renato Duprat (representante da Doyen Sports, fundo de investimento que comprou o jogador em 2014) sobre o interesse do Cruzeiro. A gente precisa compor as partes, no caso o Atlético-PR, a Doyen Sports e o atleta, mas nós praticamente chegamos a um acordo”, confirmou.

De acordo com Pimenta, o negócio só não foi finalizado, porque será realizada, neste sábado, a eleições para novo presidente do Atlético-PR. O empresário, contudo, garante que a mudança na presidência do clube não irá mudar o rumo das negociações, já que o atual mandatário atleticano, Mário Celso Petraglia, permanece no comando do Furacão até o fim do ano.

“O negócio só não evoluiu em virtude das eleições do Atlético-PR. O presidente pediu para esperar segunda feira para definirmos alguns detalhes. (A eleição de um novo presidente) Não muda nada não, porque quem ganhar a eleição amanhã assume em janeiro. O Douglas (Coutinho) não fica no Atlético no ano que vem, já está definido. Agora é esperar a segunda-feira para finalizarmos o negócio”, ressaltou.

Douglas Coutinho defendeu a seleção
brasileira sub-21, em 2014
(Arquivo Pessoal)
Douglas Coutinho surgiu bem na temporada passada, principalmente no Brasileirão, quando marcou sete gols em 28 jogos pelo Atlético-PR na competição. O bom desempenho fez com que a Doyen Sports pagasse 4,5 milhões de euros (15 milhões de reais na época) por 70% dos direitos econômicos do atacante.

O desejo do fundo de investimento era que o jogador deixasse de imediato o Atlético-PR, no entanto, Douglas permaneceu em Curitiba após receber um aumento salarial no clube paranaense. O investimento, contudo, não deu resultado na atual temporada, tendo em vista o desempenho ruim do atacante, principalmente no Campeonato Brasileiro, onde marcou apenas dois gols.

“Quando ele foi vendido para a Doyen Sports, ele já ia sair de imediato, mas o Atlético pediu para que ele ficasse, houve uma valorização, aumento de salário e ele ficou satisfeito, feliz. Só que, infelizmente, o Douglas teve muitas lesões, não teve uma sequência boa e o ano não foi proveitoso. Mas, já era esperado pelo fundo, que comprou o jogador, e pelo Atlético-PR que ele não ficaria para o próximo ano”, colocou Taciano Pimenta.

Se Douglas Coutinho recuperar seu futebol no Cruzeiro, e a diretoria celeste resolver comprar o jogador em definitivo, o clube celeste terá que abrir os cofres. Segundo Pimenta, o atacante tem contrato até julho de 2017 com o Atlético-PR e possui uma multa rescisória avaliada em 10 milhões de euros (aproximadamente R$ 42 milhões).

terça-feira, 7 de julho de 2015

Oscar, eu não teria feito aquele gol

Até que ponto um gol pode ser considerado "de honra"? (Foto: Esporte UOL)


Por Gustavo Aleixo

       Não, eu não teria feito aquele gol. Na pontiaguda e vexatória goleada sofrida pelo Brasil para Alemanha, por 7 a 1, o gol brasileiro soa como o golpe mais profundo e cruel. Os papéis pareciam invertidos. Quem visse o lance, de maneira isolada, acharia que o Brasil passeava em campo, diante de uma Alemanha abatida, sem forças para impedir que o meia Oscar balançasse as redes de Neuer. Mas o que bem sabemos é que o gol brasileiro, solitário e melancólico, contou com as condolências, diplomáticas eu diria, de uma superior seleção alemã.

       Pouco antes de Oscar finalizar, podia-se dizer que ainda resistia – por que não? – algum lastro de dignidade naquela tragédia. Mas aquele gol, dado de forma tão fácil e constrangedora pela Alemanha, seria o trauma final. Assim que o camisa 11 chutou, o que restava do orgulho tupiniquim viria a morrer segundos depois, aprisionado nas redes daquele mitológico Mineirão. Um desfecho com contornos irônicos, fúnebres até, após um martírio de gols germânicos. O gol brasileiro, aos impiedosos 45 minutos do segundo tempo, poderia não ter existido. Não faria falta alguma.
Oscar precisou ser consolado pelos jogadores alemães ao final da partida (Foto: The Independent)
       Oscar teve a melhor das intenções. Mas, naquela segunda-feira, eu não queria ser Oscar. Muitos menos nesta quarta-feira. O meio-campista poderia passar desapercebido daquela tétrica derrota. Seu futebol eficiente – nada além do normal – e sua timidez adolescente eram seus trunfos. O jogador mal aparecera nos gols alemães. Não seria um alvo. Sem aquele gol, eu repito, passaria desapercebido. Não integraria o grupo, ora composto por Júlio César, Marcelo, David Luiz, Dante e Fernandinho.

       Que fique claro, Oscar não é vilão. Mas é certo que ele poderia não ter feito aquele gol. Se chutasse para fora, estaria livre. Mas sua fleuma e obediência britânicas, recebidas no Chelsea, o conduziram. A regra mandava, e ele não hesitou, “foi lá e fez”.

Oscar e Felipão: eternizados por motivos diferentes (Foto: Esporte UOL)
       Jamais houve tamanha desonra no famigerado “gol de honra”. Oscar comprou a sua passagem para a eternidade, mas não da maneira que ele queria.  Você pode até questionar e dizer que ele tentou fazer o certo. Mas nem sempre o certo é o certo. O gol de Oscar, assim como os sete da Alemanha, tem data para ser reprisado e relembrado: 8 de julho. Daqui até vários e vários anos, veremos alemães comemorando. Diversas vezes. E veremos, também, Oscar buscando, cabisbaixo, a bola nas redes de Neuer.

       Oscar poderia ter passado desapercebido, porém, naquela “briga de bar” entre Brasil e Alemanha, ele tentou apartar, mas acabou recebendo um golpe imerecido, talvez. Tal como aquele curioso, que entra sem querer na cena de um crime, antes que a perícia chegue, Oscar deixou a sua marca. Deixou suas digitais no 7 a 1. Tudo por causa daquele gol.

Abaixo o gol "de honra" marcado por Oscar



terça-feira, 9 de junho de 2015

A Copa invisível e a cegueira da preconceito


por Pedro Galvão


    Você provavelmente não sabe, mas hoje o Brasil estreia na Copa do Mundo de Futebol.  Sim, Copa, FIFA, futebol e Seleção Brasileira. Quase igual a do ano passado, só que em vez de homens, são mulheres jogando. Por isso, você provavelmente não está sabendo ou se importando. Por isso, são muito menos milhões de dólares envolvidos em negociações e anúncios (e propinas…). Por isso, nem mesmo as emissoras que detêm os direitos de transmissão do Mundial, Sportv e Band, dão muito destaque aos jogos, sediados no Canadá (A estatal TV Brasil também transmite, mas você provavelmente nem sabe qual é esse canal). Por isso, 20 das 23 convocadas do Brasil não atuam por nenhum time, já que o esporte que vendemos para o mundo, de forma bem charlatã, como nossa maior paixão ainda não foi profissionalizado para as mulheres por aqui.

    Mas não percamos tempo reforçando uma desigualdade mais que óbvia. Os fatos falam por si só e tem gente muito mais qualificada por aí para escrever sobre questões de gênero. Foquemos no futebol.  A ideia aqui é apenas questionar alguns dogmas colocados por nós para justificar nossa má vontade com o futebol feminino.

Seleção Brasileira se preparou durante quatro meses para o Mundial Feminino do Canadá
     Infelizmente, é natural do ser humano achar subterfúgios para suas misérias preconceitos. No futebol não é diferente. Em vez de assumirmos que não damos a mínima para o futebol de mulher porque somos, desde sempre, acostumados a pensar que futebol é ”coisa de homem e pronto”, preferimos levantar suspeitas sobre a capacidade física e técnica delas de driblar e chutar a bola dentro da baliza, institucionalizando de forma cruel esse preconceito.

 “Não adianta, jogo de mulher é muito chato”, diz a voz do senso comum, com a compaixão de quem mata um frango para cozinhá-lo.

    Porém, se você checar as médias de gols dos últimos mundiais femininos e masculinos, vai constatar que o campeonato das mulheres (2,86 gols por partida em 2011) superou o dos homens em suas duas últimas edições (2,67 em 2014 e 2,27 em 2010). Por falar no último mundial feminino, vale lembrar da dolorosa e emocionante eliminação do Brasil, nas quartas de final, tomando o gol de empate nos acréscimos da prorrogação e perdendo nos pênaltis para as favoritíssimas norte-americanas. Essas, por sua vez, foram surpreendidas pelas japonesas na final, também nos pênaltis, depois de dois gols para cada lado nos 120 minutos de jogo.

 “Mas o nível técnico é muito ruim, não dá…”, diz outra voz, cheia de razão.

    Como se todo jogo de homens, pelos quais vibramos, choramos, brigamos e largamos tudo para ver, fossem primores de técnica e tática, dignos do Barcelona de Messi ou da Alemanha que humilhou nossos “craques” dentro de casa.  Por falar em craques, entre as mulheres ainda temos Marta em campo pela nossa seleção. Talvez a melhor jogadora de todos os tempos, capaz de oferecer um belíssimo repertório de jogadas que não temos visto com frequência em algumas ligas masculinas que acompanhamos.

 “O problema é que o futebol deveria ser adaptado para as mulheres, assim como o basquete e o vôlei são, com rede e cesta mais baixas“, diz outra voz, esta mais aberta ao diálogo.

    De fato, essa prerrogativa é válida e faz sentido. Por outro lado, se o futebol já excludente com as mulheres utilizando as mesmas estruturas e equipamentos, imagina precisando de outros campos e outra bola. O modelo atual favorece, no jogo delas, um estilo mais cadenciado, menos veloz, de menos força e com mais gols. Características que a crônica especializada lamenta muito estarem cada vez mais ausentes no jogo dos homens. Que tal entender que o futebol de mulheres é apenas diferente do dos homens, e não melhor ou pior? Assim como no masculino, existem jogos bons e jogos ruins, jogadoras mais ou menos habilidosas, partidas mais ou menos emocionantes, mas é tudo futebol.

    Que fique claro que ninguém é obrigado a gostar de nada, nem assistir a jogo nenhum que não esteja a fim. É óbvio que o futebol masculino, por uma infinidade de razões, ainda desperta muito mais paixões e atenções, tanto nos homens como nas mulheres, em quase todo o planeta. Porém, que tal se, aqui no ””’país do futebol””, déssemos uma chance também ao futebol feminino, assim como demos ao football americano e ao rugby, dos quais morríamos de preguiça até outro dia e hoje somos grandes entusiastas?

    Se não dá para assistir, acompanhar, incentivar e ir atrás, até pela absurda falta de apoio das federações, clubes e televisões, PELO MENOS NÃO FALE MAL do jogo delas.  Já é uma grande ajuda. No mais, várias coisas também estão ao seu alcance, como incentivar sua filha que gosta de jogar bola da mesma forma que incentivaria o irmão dela, matriculando na escolinha e indo ver os jogos. A lista de atitudes para um futebol mais legal e inclusivo é extensa, mas para começar, basta lembrar que futebol não é ‘coisa de homem’, mas coisa de gente.

   Ah, e o Brasil estreia no Mundial Feminino do Canadá nesta terça, às 20h, contra a Coréia do Sul. O jogo será transmitido pela TV Brasil, pela Band e pelo Sportv 2.